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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Psicopedagogia da Linguagem Escrita

O livro Psicopedagogia da Linguagem Escrita (152 págs., Ed. Vozes, tel. 24/2233-9036) traz como cenário principal a sala de aula, espaço onde se materializam os processos de construção do conhecimento dos pequenos e que permite ref letir sobre as condições de atuação pedagógica.
A pesquisadora argentina Ana Teberosky, autora de diversos livros sobre alfabetização, reúne na obra situações didáticas envolvendo a linguagem escrita com crianças de 5 a 8 anos. Trata-se de uma experiência desenvolvida na EM Casas, de Barcelona, na Espanha, cujo objetivo era transformar aspectos da prática educativa cotidiana. O resultado desse estudo se expressa em capítulos sobre a escrita de nomes e de títulos, a reescrita de textos narrativos, a escrita de poemas e de notícias. Em todos eles, é possível ouvir o diálogo entre o ensino e a aprendizagem, ou seja, entre os requisitos do ensino, como chama a autora, e as ideias das crianças sobre a escrita.
Alguns fundamentos psicopedagógicos ancoram esse diálogo e merecem destaque: um deles é o reconhecimento de que os pequenos dispõem de um saber sobre o tema ainda antes de entrarem na escola. O outro, a conquista da escrita alfabética ou convencional não garante a possibilidade de participar com sucesso das práticas sociais de leitura, escrita e comunicação oral.
Para Ana Teberosky, adquirir a escrita de forma plena é indissociável do domínio da linguagem escrita, que é mais do que o registro gráfico de um texto: é o modo de organizar um discurso. "Uma Pedagogia centrada exclusivamente no aspecto técnico utiliza quaisquer tipos de palavras, quaisquer tipos de frases e de textos porque os critérios de seleção não são linguísticos. A consequência é, como diz Lev Vygotsky (1896-1934), a ignorância de que por trás das letras há uma linguagem escrita", alerta a autora.
Subverter a lógica da Pedagogia centrada exclusivamente no aspecto técnico é a grande contribuição dessa obra. Aliar uma prática que possibilite ao aluno aprender simultaneamente a lógica do nosso sistema de escrita e a linguagem que se usa para escrever nos mais variados discursos vinculados às funções que a escrita assume fora da escola é o grande desafio dos profissionais da Educação que lutam pela melhoria da qualidade da alfabetização das crianças.
CRISTIANE PELISSARI, autora desta resenha, é formadora do Programa Ler e Escrever, desenvolvido pela Secretaria Estadual da Educação de São Paulo.

Trecho do livro
"Se o professor é capaz de oferecer uma ajuda efetiva quanto à diversidade das situações de uso, a criança poderá aprender, por meio desse uso, as regras de funcionamento da linguagem escrita. O principal propósito, na nossa experiência, é ajudar os professores na interpretação das respostas das crianças e na programação de situações de aprendizagem. Por isso, antes de discutir o que é que os professores podem e devem ensinar, parece-nos importante saber quais são as ideias e os conhecimentos das crianças e quais expectativas podemos ter para proporcionar, depois, situações de ensino e aprendizagem."

Autor(a): Ana Teberosky
Editora: Vozes
Categoria: Formação

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