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sábado, 12 de fevereiro de 2011

Hipérion

Hiperião ou Hipérion, na mitologia grega, é um deus solar primitivo, que ao se unir com a titânide Téia gerou Selene (a Lua), Hélios (o Sol) e Eos (a Aurora).
Era um dos 12 filhos de Urano (o Céu) e de Gaia (a Terra). Seu nome quer dizer: "o que está no alto". É também o Titã da visão.

Hipérion foi um dos quatro irmãos que conspiraram com Cronos para castrar seu pai Urano. Quando este desceu para se deitar com a Terra, Hipérion, Crios, Coios e Jápeto, um em cada cando do mundo, seguraram o pai enquanto Cronos o castrava com uma foice. Os quatro titãs personificam os pilares que nas cosmogonias do Oriente Médio separam o céu da terra e, como pai do Sol, da Lua e da Manhã, Hipérion é sem dúvida o pilar do leste. Seus irmãos Coios, Crios e Jápeto representam, respectivamente, o norte, o sul e o oeste.
Na Ilíada, Hipérion é apenas um epíteto de Hélios, o deus-sol. Na Odisséia e no hino homérico a Deméter, porém, o Sol é chamado Hiperônida, "filho de Hipérion", como também na Teogonia.
Na mitologia órfica, Hipérion é o regente do Sol, juntamente com sua esposa Téia.
Na versão evemerista da mitologia dada por Diodoro da Sicília, Hipérion teria sido o primeiro astrônomo, o primeiro homem a observar e descrever os movimentos do sol, da lua, das estrelas e das estações, e por isso teria sido divinizado como o pai desses corpos.
Na Descrição da Grécia, de Pausânias, há a seguinte passagem
Depois de cruzar novamente o rio Asopo [perto de Titane, Siciônia] e alcançar o topo da colina, chega-se ao lugar onde os nativos dizem que Titã primeiro habitou. Eles dizem que ele era o irmão de Hélios e que o lugar tomou dele o nome de Titane. Penso que ele se mostrou hábil em observar as estações do ano e o tempo de (a radiação de) o sol aumentar e amadurecer sementes e frutos e por isso foi considerado irmão de Hélios.
Nessa passagem, Titã, como nome próprio, parece ser considerado idêntico a Hipérion, ainda que tomado como irmão e não pai de Hélios. Provavelmente nesse sentido que, nos Oráculos Sibilinos, Jápeto é considerado, junto com Cronos e Titã, um dos três filhos de Gaia e Urano cada um dos quais teria recebido um terço da Terra - neste caso, os quatro pontos cardeais são reduzidos ao nascente e ao poente.
Vale notar, também, que embora o nome de "titã" fosse usado genericamente para os titãs originais e seus descendentes, era também usado como nome alternativo de Hélios, descendente de Hipérion, assim como "titânia" era um nome alternativo de Selene, assim como Ártemis, com quem era freqüentemente sincretizada.

Literatura Moderna

Hipérion é pouco desenvolvido na mitologia grega, mas recebeu atenção de autores modernos, notadamente John Keats, que o desenvolveu em dois poemas épicos: A Queda de Hipérion: um Sonho e Hipérion, incompleto (1818).
No primeiro, o narrador acorda diante de um templo cujo portão que dá para o leste (a direção das portas do Éden) está fechado. É então desafiado por Moneta a subir as escadas e precisa superar o desejo de não sofrer e não se aprofundar no prazer espiritual para transcender os erros dos falsos poetas. Uma vez que dá os passos, Moneta lhe pergunta sobre a natureza da poesia, sobre visões e o que se deve fazer com a vida. Superado o teste que deveria eliminar os falsos poetas, Moneta lhe permite testemunhar uma visão dos Titãs e de Hipérion e a cena termina com a imagem de Hipérion ascendendo.
O segundo se inicia com Saturno (Cronos) lamentando a perda do poder, tomado por Júpiter (Zeus). Téia o conduz à companhia dos outros titãs, que discutem se devem enfrentar os novos deuses, os olímpicos. Oceano declara que pretende entregar seu poder a Netuno (Posêidon) porque ele é mais belo. Clímene descreve a música de Apolo que ela acha linda a ponto de doer. Por fim, Encélado faz um discurso encorajando os titãs a lutar. Descreve-se então Hipérion, o único titã que ainda é poderoso. Urano, o pai, o encoraja a se unir aos outros titãs. Então Mnemósine encontra Apolo, que chorava na praia por não ser capaz de realizar seu potencial e o faz olhar em seus olhos, dando-lhe a plenitude da divindade. O poema, incompleto, acaba neste ponto.
No Hamlet de William Shakespeare, o protagonista compara seu pai a Hipérion - visto como um belo deus da luz, ou identificado com Hélios - e o tio usurpador, Claudius, a um sátiro.
O poeta romeno Mihai Eminescu também fez de Hipérion a figura central de seu poema Lúcifer (Luceafărul), de 1883. Nesse poema, uma princesa apaixonada pelo absoluto invoca a estrela da manhã e esta atende seu chamado por duas vezes, uma como anjo e outra como demônio. Influenciado pelo motivo folclórico do Zburatorul, um jovem que vem à noite, como em sonho à cama da garota que se apaixona pela primeira vez, Lúcifer toma a forma de "um belo homem morto com olhos vivos", que tem traços angélicos (cabelos louros) ou demoníacos (olhos escuros e profundos, cabelo escuro, coroa de fogo). Ele pede à princesa que o siga, oferecendo-lhe um mundo celestial ou aquático, mas esta, incapaz de suportar sua proximidade, lhe pede que abra mão da imortalidade e venha ao mundo dos mortais.
Apaixonado, Lúcifer concorda, mas isso significa desfalcar o mundo de sua existência primordial. Por isso, o Demiurgo (a divindade suprema, o Criador) lhe pede que se liberte do que é de fato, o que se torna sua iniciação como Hipérion (híper-eon, o que está acima dos outros eons). Enquanto isso, a princesa, Catalina, encontra em um Catalin seu parceiro erótico terrestre. Ao observá-los, Lúcifer entende a diferença entre os dois mundos, que só pode se tocar em momentos privilegiados como o do sonho, e retorna à sua solidão.

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